domingo, 3 de janeiro de 2010

Filme biográfico mostra Lula antes da presidência


Estreia nesta sexta-feira em todo o País o polêmico “Lula, O Filho do Brasil”, de Fábio Barreto, interpretada por Glória Pires, dona Lindu, mãe do presidente, tem destaque na produção.

Esqueça os discursos em Brasília e os ternos bem cortados desenhados por estilistas. Churrasco na Granja do Torto? Nada disso passava pela cabeça de Luiz Inácio Lula da Silva na juventude. E é esse período da vida do atual presidente brasileiro que o filme “Lula, o Filho do Brasil’’, que chega aos cinemas sexta-feira, procura retratar.

Não significa, porém, que a política não esteja presente no filme. Lançado em ano eleitoral, é impossível não associá-lo à corrida presidencial. Não faltam também críticas da oposição, que vê no lançamento uma forma de beneficiar a candidata do PT à Presidência, a ministra da Casa Civil, Dilma Russef.

O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, José Aníbal, chegou a taxar o longa de “uma manobra absolutamente programada com intenção deliberada de favorecer o governo e os candidatos do governo’’. Até agora, Lula preferiu não comentar as críticas. No entanto, seus partidários já se manifestaram: o presidente do PT, Ricardo Berzoini, afirmou que, se a oposição reclama do filme sobre Lula, deveria fazer um sobre Fernando Henrique Cardoso. O diretor Fábio Barreto, que sofreu um acidente de carro e permanece internado, defendeu o longa na ocasião do lançamento: “Nunca tive a intenção de dar ao filme um caráter político. Meu objetivo é ajudar a indústria cinematográfica’’. A produtora Paula Barreto completou: “O projeto surgiu em 2003, e foram necessários esses sete anos para lançá-lo por causa das questões de produção mesmo. Além disso, acreditamos que janeiro é a melhor data comercial para lançá-lo. Outros sucessos, como “Meu Nome Não É Johnny’ e “Se Eu Fosse Você 2’, também foram lançados nesse período’’.

TRAMA

Embora a história esteja focada na trajetória de Lula desde a infância até o momento em que se tornou um dos principais líderes sindicalistas do país, dona Lindu, mãe do presidente, ganha bastante destaque. Interpretada por Glória Pires, é ela quem decide fugir de uma das secas mais devastadoras do sertão nordestino, em 1952. Depois de uma viagem em um ônibus pau-de-arara que durou 13 dias e 13 noites, ela e seus filhos chegam a Santos, onde estava seu marido, o alcoólatra Aristides (Milhem Cortaz).

“Depois que eu li o roteiro, fiquei encantada com a minha personagem e com a história dela’’, conta Glória, que, até aceitar o papel, desconhecia a realidade do movimento sindical em que Lula se envolveu nos anos 1980.

Rui Ricardo Diaz dá vida ao presidente adulto. “Ele não foi e não é um brasileiro comum’’, diz o ator. Inicialmente, Diaz fez teste para ser sindicalista ou enfermeiro, mas acabou escolhido para dar vida a Lula. O filme mostra os dois casamentos do protagonista -com Lurdes (Cléo Pires), que morreu em decorrência de problemas no parto, e Marisa Letícia (Juliana Baroni)-, o seu primeiro emprego em uma fábrica como torneiro mecânico, o acidente que fez com que perdesse um dedo e o engajamento político.

Para o papel, Diaz teve de passar por uma série de transformações. Além de ter engordado, precisou deixar a barba crescer. A semelhança, tanto gestual quanto física com Lula, é um dos pontos a favor da produção, que utiliza, em algumas cenas, imagens reais da época das greves no ABC. Assim como o longa “2 Filhos de Francisco’’, de Breno Silveira, “Lula, o Filho do Brasil’’ investe em cenas para emocionar.

Lula - O Filho do Brasil

Brasil, 2009 - 128 min - Drama

Direção: Fábio Barreto

Elenco: Rui Ricardo Diaz, Guilherme Tortólio, Felipe Falanga, Glória Pires, Lucélia Santos, Cléo Pires, Juliana Baroni, Milhem Cortaz.

(Diário do Pará)