quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Entrevista Exclusiva - Andread Jó e Donaleda

John Paul Jones, editor chefe do Jornal Eletrônico Veredicto Popular

Conforme prometido aos leitores internautas, estamos publicando aqui a entrevista com Andréad Jó, compositor, arranjador, músico e vocalista cearense, integrante de umas das mais promissoras e bem conceituadas bandas contemporâneas de reague do Brasil, o Donaleda.

1 - Como foi seu aprendizado musical, ainda na sua adolescência?
Andread Jó - Bem, ainda criança tive aulas de piano, e aos 15 que realmente comecei a adentrar no mundo da música de verdade. Com 18 já me apresentava nos barzinhos Fortaleza, minha cidade Natal, onde tudo começou.

2 - Desde 2001, você e o Donaleda, têm saído Brasil à fora com a finalidade de divulgar um reggae diferenciado. Como se deu a sua primeira experiência musical que propiciou a aproximação com esse estilo de música, originariamente jamaicano?
Andread Jó – Comecei a ouvir reggae com 14/15 anos. Eu sempre curti conhecer estilos diferentes, músicas que não estavam nas rádios mas que tinham algo a dizer. O fato de eu estudar línguas desde pequeno, me ajudou muito; o Reggae me ganhou pelas letras!! Espiritualidade, as mais diversas questões sociais, tudo isso me atraiu logo de cara. Desde que aprendi a tocar violão, já cantarolava Bob Marley e naturalmente com o tempo foram surgindo minhas canções.

3 - Como foi para você ter tido que trancar a faculdade de Letras para viver só da música?
Andread Jó - Foi uma decisão difícil. O curso me ajudava bastante e desde que entrei na faculdade, tinha 100% de certeza que era aquilo que eu queria como curso superior. A música, digamos assim, é o produto final dessa relação. Chegou a hora de decidir e eu tive que optar pela música pois já vivia dela. A faculdade ficou para um segundo plano mas eu não deixei de estudar e ler, além de escrever sempre que tenho inspiração.

4 - Em 2003 o Donaleda lançou o CD "Liberdade e libertação", com letras marcadamente "espirituais". Todas as demais letras dos álbuns seguintes, também abordam mensagens que falam de paz, esperança, fraternidade, comunhão com a natureza e com Deus. Estas músicas tiveram enorme aceitação no estado Cearense e deram início às turnês pelo Brasil. Como foram feitas as composições dessas letras? Alguma inspiração especial foi responsável pelo sucesso dessas músicas?
Andread Jó - O disco Liberdade e Libertação foi o começo de tudo. Das nove canções, 05 são de minha autoria. Todos os temas que abordo vem de uma forma natural. Nunca forcei para escrever nada. Acredito que quando fazemos as coisas com naturalidade, sem forçar, estamos cada vez mais nos aproximando do “puro”. Lembro que certo dia acordei por volta de 03:30 h da manhã e em menos de 30 min já estava com a letra e música, Jah say Yes, pronta. Deus sempre foi e sempre será meu inspirador maior.

5 - No final de 2004 você saiu do Donaleda e mudou seu nome artístico, de André Augusto para Andread Jó. Por que essa mudança ocorreu?
Andread Jó – Quando decidi sair do Donaleda, eu não queria “recomeçar” tudo. Preferi começar um trabalho solo a montar uma banda e correr atrás. O nome Andread Jó é inspirado no livro de Jó, Antigo Testamento, e no meu próprio nome, André.

"Alpha Blondy pra mim é o maior exemplo de artista".

6 - Suas letras tem características essencialmente cristãs. Seria uma influência do Eric Donaldson, que teve no início da sua carreira, uma forte influência gospel?
Andread Jó – Venho de uma família cristã católica mas só resolvi viver tudo aquilo que a Palavra diz em 2005 quando me batizei nas águas e aceitei Jesus Cristo como meu Senhor e Salvador. Meu irmão já era protestante e havia me convidado diversas vezes e eu sempre dizia que iria quando fosse minha hora. Naquele ano minha hora chegou.

7 - Você faz ou faria intercâmbios estilístico-musicais com as bandas Bola de Neve e Mount Zion e artistas como Nengo Vieira, João Alexandre, Régis Danese ou Lázaro? (Ícones, atualmente, dos grandes sucessos da música cristã contemporânea).
Andread Jó – Já estou com mais da metade das músicas do meu terceiro disco solo finalizadas. Tenho uma parceria com Nengo Vieira em uma delas, a faixa “Eu Reconheço”. Nos conhecemos em 2005 no Maranhão Roots Reggae Festival e desde então temos alimentado uma amizade e respeito mútuos. Sou fã do trabalho dele e acredito que hoje ele é um dos poucos caras no Brasil que levam o reggae a sério e vive o que prega. Acho super importante o trabalho que igrejas como o Bola de Neve fazem com os jovens. A música é divina! Usá-la para evangelizar é uma benção sem limites.

8 - Eric Donaldson, sempre fez ainda faz um enorme sucesso em São Luís e em Salvador. Como foi a experiência de tocar junto com o Eric Donaldson em 2004? E com o Alpha Blondy, considerado precursor de Bob Marley, em 2005?
Andread Jó – Pra mim foram duas experiências maravilhosas. São dois professores do mais alto nível. Com o Eric aprendi muita coisa sobre a música reggae, sobre a história da Jamaica, a forma como o reggae se espalhou pelo mundo e é claro, ele me ensinou muito sobre buscar originalidade na música. Eric Donaldson é um cara que tenho muito respeito e admiração. Alpha Blondy pra mim é o maior exemplo de artista. Um cara super humilde. Abri três shows dele no Brasil; Fortaleza, São Luis e Belém. O Alpha realmente vive o que ele prega nas suas canções. Ele tem um coração gigante e fazia questão de estar por perto nas rodas de bate papo nos hotéis, aeroportos e nas noites dos shows. Aqui em Fortaleza ele me chamou para traduzir umas palavras pra galera no show dele. Esse foi um momento mágico que jamais esquecerei.

9 - Ainda em 2005, você lançou o álbum solo "Força" que possibilitou o reconhecimento internacional, através do convite do Capoeira Brasil (grupo de fomento cultural brasileiro, radicado em território estrageiro). Por que ocorreu a separação do Donaleda?
Andread Jó - Eu resolvi sair da banda no fim de 2004 pois naquele momento estávamos tendo divergências em relação aos objetivos e estratégias que a banda tinha. Achei mais conveniente sair que criar um clima de bate boca. Banda é coisa séria, é como um casamento. Muitas vezes é preferível dar um tempo que ficar insistindo.

10 - Em 2006, veio o inevitável sucesso na Europa e Estados Unidos. Como foi essa passagem pelo exterior?
Andread Jó – Em 2006 surgiu minha primeira oportunidade de tocar fora do Brasil. Toquei em mais de 10 cidades na França e em Tilburg, Holanda. Foi uma experiência incrível! Desde então estou indo todos os anos em turnê, no início do verão europeu. Nessas idas e vindas toquei na França, Holanda, Itália e Suécia. Graças a Deus consegui conquistar um bom público por lá e tenho trabalhado duro pra estar sempre com novidades.

Andread Jó: "O Alpha realmente vive o que ele prega nas suas canções".

11- Já em 2007, veio o álbum "We are One", lançado inicialmente na Europa e posteriormente no Brasil. É impressão, ou é realmente difícil ser reconhecido em nosso país?
Andread Jó – No Brasil nada é fácil. Nosso país comparado aos países de primeiro mundo é uma criança. Nosso governo e nossos políticos estão contaminados. Nossas leis são ultrapassadas e a justiça deixa muito a desejar. Aqui no Brasil recebo convites desde Belém ao Rio Grande do Sul para tocar, participar de debates sobre a música reggae, e de ações que podem ser feitas para engrandecimento do nosso movimento. A minha música é objetiva e direta e creio que isso se torna uma barreira muito grande para aparecer na grande mídia. Não faço música pra vender, faço música pra tocar as pessoas, despertá-las de um sono profundo que nosso sistema tem nos colocado. Música assim não interessa a quem quer controlar a massa. Mesmo com todos esses contratempos eu fico feliz em ter o retorno que tenho. A França se tornou minha segunda casa e fiz grandes amigos por lá. Não quero deixar de tocar e expandir minha música nem lá nem aqui.

12 - Assim como você, o Cantor Armandinho, teve as mesmas dificuldades de ser reconhecido nacionalmente, tendo que ter sido primeiramente aclamado pelo público, para somente depois ser lançado na mídia. Na sua opinião, qual o motivo dessa resistência musical em relação ao eixo norte-nordeste, em detrimento de outras bandas do Centro Oeste, do Sul e do Sudeste do Brasil, como o Natiruts, Ponto de Equilíbrio, Planet Roots e Planta e Raiz?
Andread Jó – Essa é uma pergunta muito interessante. A grande mídia está centralizada no Rio e em São Paulo. Artistas que estão nesse eixo são bem mais privilegiados que nós que estamos aqui no Nordeste e Norte do pais. Creio que a internet tem encurtado essa distância mas ainda sim é mais fácil para quem está no Sudeste e Sul do país que pra nós que estamos na região Nordeste e Norte.

13 - Em 2008, você retornou para o fazer shows com o Donaleda. O que motivou essa decisão? Já que aparentemente, você já havia se consolidado na carreira solo...
Andread Jó – No fim de 2007 voltamos a ter mais contato e isso resultou em alguns shows onde nós tocamos juntos. Naturalmente acabamos voltando a trabalhar juntos. Musicalmente eu e a Donaleda temos uma afinidade muito grande e creio que isso foi o ponto decisivo pra que voltássemos a fazer shows juntos.

14- Qual a expectativa da banda agora em 2009, com o lançamento do novo álbum, "Tudo tens de Rever"?
Andread Jó – Estamos muito felizes com o resultado final do disco. Dia 14 estamos fazendo o lançamento oficial do disco aqui em Fortaleza e vamos seguir com essa turnê até fevereiro de 2010. Pretendemos ainda no ano de 2010 lançar dois novos discos, um meu e outro da Donaleda. Graças a Deus estamos tendo um ótimo retorno do público tanto em relação ao disco novo quanto ao fato de estamos tocando juntos novamente.


15 - Conheces as bandas de Reggae do Pará? Qual ou quais você tem maior identidade?
Andread Jó – Desde 2004 temos nos apresentado em Belém, o que possibilitou fazermos grandes amigos e contatos com as bandas locais. Cheguei a tocar algumas vezes com a Jaafa Reggae e uma vez com a Cristal Reggae. Acho o movimento reggae do Pará muito bacana e as bandas tem mostrado bastante amadurecimento nesses anos. A banda que eu tenho mais afinidade é a Jaafa. Acho que eles tem muito potencial!! A Yeman Jah é outra que vejo um futuro promissor. Isso não quer dizer que existam outras bandas boas em Belém. Citei apenas as que conheço bem.

Andread Jó e Donaleda, em Belém, no Mormaço (06/11/2009).

16 - Segundo consta, há uma grande expectativa de gravar o primeiro DVD ao vivo da banda. Quando e onde ocorrerá essa gravação? Belém, fará parte desse show histórico?
Andread Jó – Esse ano já começamos discutir sobre a gravação do Dvd. Ainda não decidimos com certeza se gravaremos aqui em Fortaleza. Eu ficaria muito contente se fosse no Pará. Quando nossa carreira começou, Belém foi uma das primeiras cidades que fomos fora do nosso estado, Ceará, e nossa identificação com a cidade e com as pessoas é muito grande. Vamos aguardar! No início de 2010 teremos grandes novidades!!!

Donaleda e Andread Jó - LANÇAMENTO do Novo CD "Tudo Tens de Rever". 14/11/2009 - Sábado. Local: REGGAE CLUB (rua José Avelino, 508 - Praia de Iracema).
Ingressos à venda na HOT LINES - SURF BEAT - CENTRAL SURF.
Mais informações: (85) 8701.6797 http://www.reggaeclub.com.br/

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